A Odisseia - Homero
A Odisseia de Homero narra as aventuras de Ulisses
durante 10 anos de ausência ao lar, compondo-se de quatro partes a narrativa.
Na primeira parte aparece a Assembleia dos Deuses.
Ulisses partira. Muitos eram os pretendentes da mão de sua esposa Penélope.
Atena estimula Telêmaco para proteger sua mãe contra esses pretendentes.
Entretanto os dias passavam e uma angústia, o desespero apodera-se de Telêmaco.
Decide sair à procura de seu pai Ulisses, percorrendo Pilo e após a Lacedônia,
porém sem êxito. Enquanto isso os pretendentes em sua casa lançam mão da
emboscada.
Na segunda parte, os deuses se reúnem, em assembleia,
novamente. Após atender solicitação de Atena, Zeus dá o encargo a Hermes que
ordene a Calipso permitir que Ulisses parta, após sete anos de retenção. Uma
jangada é construída por Ulisses. Nela se encontrava navegando quando é colhido
por uma tempestade. É atirado na Ilha dos Feaces. Adormece. Quem o encontra
e dele procura cuidar, acolhendo-o em seu palácio é Náusica, a filha do Rei
Alcinoo. Ulisses dá prova de sua forte compleição atlética quando participa no
jogo da projeção do disco que é promovido em honra de Náusica, saindo vitorioso
da disputa. Sua volta à pátria estava prestes a concretizar-se.
Na terceira parte é encontrado o relato de Ulisses
sobre as suas aventuras. Sua partida de Tróia, o país dos Cicones dos Ciclopes,
e os seus seis companheiros devorados. Também é relatado o episódio de Polifemo.
Na Ilha de Eolo os ventos se encontram presos nos odres, que após abertos por
seus companheiros, desencadeia-se uma violenta tempestade. Circe transforma-os
em porcos. Só depois de muita persuasão é que Ulisses consegue convencê-lo para
quebrar o encanto. Seus companheiros voltam á forma humana. Ulisses é seguido
pelas sereias. Após outras peripécias consegue finalmente alcançar a Ilha
de Calipso.
Na quarta parte há o retorno de Ulisses à Ítaca.
Disfarça-se de mendigo. É reconhecido pelo seu filho Telêmaco na casa de Eumeu.
Chega ao palácio, é menosprezado e sofre os maiores escárnios e ultrajes dos
que pretendiam a mão de Penélope. Não é reconhecido por sua esposa. Somente
Euricléia sua ama, consegue reconhecê-lo por uma cicatriz, após banhar-lhe os
pés. O grande banquete é preparado para disputar Penélope, porque
prometera contrair matrimônio com aquele que fosse capaz de conseguir entesar o
arco de Ulisses e após arremessar a flecha e atravessar doze machados.
Tentaram, porém em vão, apesar da grande força que faziam. Só Ulisses o
consegue. Causa pânico nos pretendentes quando abandona os andrajos, sendo
reconhecido. Só após longa hesitação, Penélope finalmente se convence de que se
trata realmente de Ulisses, o seu verdadeiro esposo. Ajudado por Telêmaco,
Ulissses massacra os pretendentes. Suas almas são conduzidas por Hermes, nas
profundezas dos infernos.
Canto X da
obra odisseia
Quando Ulisses chega à
terra de Éolo, este, vendo que Odisseu era um homem de caráter elevado, dá-lhe
um saco que continha todos os ventos que os podiam incomodar durante a sua
viagem, mas com a condição de nunca o abrir. No entanto, a curiosidade dos companheiros
aqueus foi maior e, enquanto Odisseu dormia, abriram o saco, de onde de facto
saíram todos os maus ventos para a viagem, o que provocou uma violenta
tempestade. Quando a tempestade acalmou, voltaram atrás para de novo pedir
ajuda a Éolo, mas este recusou de novo a ajuda, uma vez que não foram
cuidadosos. Logo Éolo deduz que estes viajantes não eram queridos pelos deuses
e portanto, não mereciam ajuda.
Voltaram ao mar, no
sétimo dia chegaram á cidade de Lamos, em Teléfilo dos Lestrígones. Odisseu despachou
uns companheiros para investigar quem ali morava. Eles desembarcaram e
percorreram uma estrada lisa por onde carroças transportavam lenha das altas
montanhas para a cidade. Encontraram diante da cidade uma moça com um cântaro.
Era a corpolenta filha de lestrígone Antífates, que descera a fonte para pegar
água. Perguntaram-lhe quem era o rei do local. Ela indicou a mansão de seu pai.
Ao entrarem na mansão se depararam com uma mulher tal alta que os encheu de
pavor. Ela chamou da praça o marido, o ilustre Antífates, que pensou em lhes
dar um triste fim. Agarrou um dos camaradas e fez o jantar. Os outros dois
companheiros correram para o barco. O rei deu o alarme na cidade e de todos os
lados vinham lestrígones aos milhares, não pareciam homens e sim gigantes. Eles
começaram a jogar pedregulhos que atingiam os barcos e companheiros, os fazendo
em pedaços. Eles os fisgavam como peixes e levavam-os para o seu jantar.
Odisseu rapidamente cortou as amarras de seu barco e rapidamente seus
companheiros rapidamente remaram. Enquanto isso os outros eram destruídos em
massa. Dali prosseguíram com o coração pesaroso, mas contentes de escapar à
morte, embora com a perda de companheiros queridos. Chegaram a Ilha de Eéia, onde vivia "Circe",
de ricas tranças, deusa terrível, de humana linguagem. Desembarcamos e
deixamo-nos ficar por ali dois dias e duas noites, devorando o coração de
fadiga e tristeza.
No terceiro dia,
Odisseu pegou sua lança e sua espada, subiu até o cume do monte mais próximo e
de lá avistou uma casa no meio de um bosque. Retornou a seus companheiros, mas
no caminho conseguiu abater um cervo. Os homens ficaram muito alegres ao vê-lo
chegar com a caça e fizeram um festim de carne e vinho na praia. Odisseu só
lhes contou o que vira no dia seguinte, mas os homens não ficaram animados com
a ideia de explorar a ilha, pois ainda tinham muito presentes os infortúnios
que passaram. Odisseu sugeriu que se dividissem em dois grupos: um seria
liderado por ele e o outro pelo denodado Euríloco, e tirariam a sorte para
decidir qual dos dois exploraria a ilha. Os homens aceitaram e o grupo de
Euríloco partiu a frente de 22 homens, que iam chorando temendo que lhes
acontecesse o mesmo que com os outros companheiros, mortos. Numa clareira da
baixada, acharam o solar de Circe, construído de pedras polidas. Rodeada de
lobos e leões, por ela enfeitiçados com drogas venenosas. Eles não atacavam os
companheiros de Odisseu, e sim o recebiam bem. Dentro ouviam o canto de Circe
que trabalhava a tecer uma grande trama, como as deusas o fazem. O primeiro a
lhe falar foi Polita, o mais caro e precioso dos companheiros de Odisseu, que
disse que a deviam chamar. Ela abriu a porta e os convidaram a entrar, todos entraram
menos Euríloco, que suspeitou. Serviu-lhe comidas com drogas e que provocavam
esquecimento de casa, logo viraram em suínos, embora preservassem a
inteligência, ficaram presos em pocilgas. Circe lhes deu comida de porcos.
Euríloco voltou correndo para o barco e contou o que havia acontecido com muito
nervosismo. Euríloco insistiu para que fossem embora, pois não poderiam trazer
de volta os companheiros, Odisseu disse que ele poderia ali focar, mas que ele
iria atrás dos companheiros. Indo ao solar de Circe, Odisseu é abordado por
Hermes, da vara de ouro, que na figura de um jovem lhe dá uma erva benéfica.
Ele disse que Circe lhe dará comida com uma droga, mas que não fará efeito por
causa da droga que ele estava lhe dando, quando Circe quiser tanger-se com sua
longa vara, ele deveria sacar de junto da coxa o gládio aguçado e fazer como se
fosse atacá-la. Circe amedrontada iria convidá-lo a se deitar com ela. Ele não
deveria negá-la nada. Dito isso tirou do chão môli, que somente os deuses
conseguiam arrancar. Ele vai à casa de Circe, ela lhe dá a comida, manda que vá
para junto dos companheiros, ele saca a faca, ela fica com medo, pergunta sobre
ele, por fim lhe convida para se deitar com ela. Odisseu recusa-se a fazer o
que ela quer antes dela libertar seus companheiros. Os companheiros voltam à
forma humana. Circe lhe diz que bonha o barco a seco e volte com os outros
companheiros para o seu solar, ele obedece. Todos os companheiros foram com Odisseu.
Ela os recebeu todos bem, comerem e beberam, e assim por um ano ali ficaram. Após um ano, os
companheiros se reunirão e disseram a Odisseu que estava na hora de irem para
casa. Odisseu foi falar para que Circe os deixa-se ir. Circe lhe diz que se
assim deseja, que vá, mas que antes deve fazer outra viagem deve ir à morada de
Hades e da terrível Perséfone, a
fim de consultar a alma do tebano Tirésias,
o adivinho cego, cuja mente continua viva. A ele Perséfone concedeu
inteligência ainda após a morte, para que só ele fosse inspirado, enquanto os
outros adejam como sombras.
Gêneros da obra Odisseia
A épica é um gênero muito antigo, tão
antigo quanto à própria literatura ocidental:
ambas surgem no ocidente com a Ilíada e a Odisseia, de Homero . A épica
foi cultivada pelos renascentistas, dentre eles Camões, que nos
legou a maior epopeia moderna, Os Lusíadas, cujas páginas narram a
viagem de Vasco da Gama às Índias,
mas que tem como motivo principal um canto de louvor ao povo português, o
verdadeiro herói dessa magnífica obra. A épica (ou epopeia), de acordo com
Angélica Soares, é "uma longa narrativa literária de caráter heroico,
grandioso e de interesse nacional e social [...] que apresenta, juntamente com
todos os elementos narrativos (o narrador, o narrativo, personagens, tema,
enredo, espaço e tempo), uma atmosfera maravilhosa que, em torno de
acontecimentos históricos passados, reúne mitos, heróis e deuses, podendo-se
apresentar em prosa (como as canções de gesta medievais) ou em verso (como Os
Lusíadas)". Mas há algumas diferenças quanto aos termos, pois, para
alguns teóricos, "épica" é usada no sentido técnico, na acepção de gênero
narrativo, enquanto que o termo "epopeia" é utilizado como uma espécie
pertencente ao gênero épico.
Comentário da obra Odisseia
A Odisseia é uma das obras mais
clássicas e antigas da literatura ocidental. Este épico, provavelmente
produzido por Homero, talvez um aedo, artista que na época cantava poemas nos
quais se narravam atos heroicos e grandiosos, Sua estrutura encontra-se
repartida em 24 cantos, contendo um total de doze mil versos hexâmetros. Este
clássico está inscrito no cânone ocidental – a síntese literária ocidental das
melhores obras de todos os tempos, e continua atual em nossos dias. Ela foi
criada e legada oralmente de geração em geração, vertida posteriormente para a
modalidade escrita. Este poema continua sendo estudado e pesquisado, traduzido
para os mais variados idiomas. Seu enredo não cronológico e a forma decisiva
como tanto mulheres quanto escravos marcam o rumo dos acontecimentos, na mesma
medida que as atitudes dos heróis, transformam este épico em um texto incomum.