segunda-feira, 10 de novembro de 2014

LATIM



A origem da língua portuguesa é um tema grandioso ao qual engloba uma série de processos, que envolve acontecimentos políticos, sociais, culturais que tiveram repercussão ou consequências linguísticas, abrange toda uma história cultural. o processo de história interna da língua que engloba a evolução fonética, morfológica, sintática e semântica, a história da língua portuguesa é a história da transformação do latim lusitânico em português, da perspectiva dos fenômenos culturais. Em geral, quando se fala em história da língua portuguesa, a ideia que se tem é do estudo cronológico da evolução do latim para o português e da abrangência de nossa língua pelo mundo, como também a origem e a expansão do latim, as fontes e as diferenças entre o latim clássico e o latim vulgar, A origem da língua Portuguesa, está relacionada diretamente a continuação do latim ibérico e do romance lusitânico, o latim se tornou língua-comum.
         Consideramos as diversas peculiaridades fonéticas, morfológicas, sintáticas e de vocabulário, deve-se dividir o período histórico em duas fases que são a arcaica e a moderna. O português que se fala hoje no Brasil é resultado de muitas transformações de acréscimos ou supressões de ordens morfológicas, sintáticas e fonológicas. A linguística atual revela que uma língua não é homogênea e deve ser entendida justamente pelo que caracteriza o homem a diversidade, a possibilidade de mudanças. É preciso compreender que tais mudanças, como se pensava no início, não se encerram somente no tempo, mas também se manifestam no espaço, nas camadas sociais. Dentro da unidade territorial brasileira se revelam muitos falares que se justificam e condicionam para se adequar a realidade sociocultural de nosso país. Foi de evolução para evolução que chegamos até o exato momento de nosso falar; caso contrário, estaríamos falando latim.
          Costuma-se dizer o Latim “língua morta”. Tecnicamente uma língua é morta quando deixa de será língua materna de povos viventes. Toda pessoa nasce dentro do âmbito do uso de uma língua, é nela alfabetizada e a conserva ao modo de veículo dinâmico de expressão. Mesmo quando o indivíduo adquire competência no uso de outros idiomas, a língua materna permanece como o seu referencial linguístico. Todo idioma, ao cumprir a função de “nascedouro” linguístico de comunidades vivas, está em permanente evolução. O Latim é considerado “língua morta” porque não é mais, em lugar algum, idioma aprendido no berço. Em nenhuma parte do mundo, alguém nasce e é alfabetizado em Latim. Alguns estudiosos consideram estar o Latim vivo, de maneira modificada, nas línguas românicas Português, Francês, Espanhol, Romeno, Italiano – em uso atualmente. O Latim é raiz linguística de muita influência, é de fundamento cultural.
          Em uma linguagem sistemática e coerente podem ocorrer formas diferentes de se efetuar a língua, uma vez que variam no espaço, ao encontrarmos pessoas de regiões diferentes do Brasil, não raro nos deparamos com expressões linguísticas diferentes. Na fala de interioranos de São Paulo, por exemplo, o r é retroflexo, como em porta, celular; já na região Nordeste tem o uso das vogais o e é aberta. Ao constatarmos a renovação da língua, muita vezes, mesmo sabendo que é fato incontestável seu dinamismo, ainda assim percebemos dificuldades de coexistência dos múltiplos falares; recentemente passamos a assumir que o preconceito linguístico é real e se manifesta toda vez que temos o embate e a identificação das diferenças linguísticas por diferentes grupos.
Existem múltiplos fatores originando as variações, as quais recebem diferentes denominações. Dialetos, Socioletos, Idioletos, Etnoletos, Ecoletos. É inegável as diferenças que existem dentro de uma mesma comunidade de fala. A partir de um ponto qualquer vão se assinalando diferenças à medida que se avança no espaço geográfico. Da mesma forma se constatam diferenças dentro de uma mesma área geográfica, resultantes das diferenças sociológicas tais como educação do indivíduo, sua profissão, grupos com os quais convive, enfim, sua identidade. Tudo isso pode interferir e operar como modelador à fala de alguém. O Brasil apresenta um vasto território, caracterizado por regiões geográficas diversas. Com isso temos diferentes formas de pronúncia, vocabulário e estrutura sintática. Não é difícil perceber que a norma culta – por diversas razões de ordem política, econômica, social, cultural – é algo reservado a poucas pessoas no Brasil; talvez porque haja um distanciamento entre as normatizações gramaticais e a obediência dos falantes em seguir tais normas.
As variações linguísticas podem ocorrer naturalmente como resultado dos fatores espaço e tempo, mas também como recurso de individualidade, quer por uma pessoa ou uma comunidade. Independentemente da intencionalidade ou não no emprego das variações, torna-se importante evidenciar os vocabulários diferenciados, como uma forma dos grupos marcarem presença na comunidade e seu papel de fator de projeção no meio social.

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